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 Convento da Caloura

A construção do convento da caloura remonta ao século XVI, mas o seu atual aspeto é setecentista. Este foi o primeiro estabelecimento religioso feminino de todo o arquipélago açoriano, trata-se, por conseguinte, de uma das mais genuínas e valiosas relíquias do patrimônio religioso do concelho de Lagoa.

 Erigido provavelmente no século XVII, em substituição de um templo primitivo, contrasta dos restantes edifícios pela sua riqueza. Em obra de cantaria, a gramática decorativa da fachada poderá situar-se no final do século XVII. O corpo central do frontispício é completamente revestido de azulejos de padrão de fundo azul, os quais são de modelo muito raro. O interior do templo é um autêntico relicário de arte religiosa dos séculos XVII-XVIII. O corpo da ermida está revestido por um raro conjunto de azulejos policromados, apresentando o altar-mor um retábulo de talha dourada com peculiares anjos de farto bigode e valiosas imagens.

A imagem do Senhor Santo Cristo dos Milagres está também ligada a esta Recoleta. Outrora, trazida para a Caloura, precisamente para este Convento, é agora venerada no Convento da Esperança, tornando-se o fulcro das maiores festas religiosas que se celebram no arquipélago dos Açores. Crê-se ter sido oferecida pelo Papa Paulo III a duas freiras do Convento da Caloura, tendo-se ali mantido até à saída das últimas freiras, que a levaram consigo para o Convento da Esperança, em Ponta Delgada.

A história desta Casa Recoleta remonta a 4 de julho de 2525, altura em que a Vila Franca do Campo estava a sofrer com os malefícios da peste. Para escapar à devastação deste mal contagioso, um nobre varão chamado Jorge da Mota, Cavaleiro do Hábito de Avis, fugiu para uma quinta sua e aí criou a sua filha Petronilha da Mota, mais tarde, Maria de Jesus (nome religioso) que logo fez amizade com Maria dos Anjos. Estas decidiram servir a Deus na condição de se tornarem religiosas numa ermida em Santa Clara, em Ponta Delgada. No entanto, nunca chegaram ao destino inicial pretendido, pois ao chegarem ao cume da ladeira do Pisão e vendo no vale da Caloura uma ermida dedicada a Nossa Senhora da Conceição decidiram que tinha sido inspiração divina fazerem morada nessa mesma ermida. Viveram as duas companheiras na ermida, seis meses, numa clausura total. Só depois, outros peregrinos, ao verem a devoção das duas amigas, acabaram por se juntar a estas. Com a Bula Apostólica, o Convento passa a ser aceite oficialmente como mosteiro e aí, durante dez anos viveram 27 freiras. No entanto, como o mosteiro estava junto ao mar e era um lugar despovoado, as freiras temiam os piratas que naquela altura navegavam aqueles mares. Isto obrigou as freiras a se mudarem daquele mosteiro e, consequentemente, a fundarem um outro em Vila Franca, o Mosteiro de Santo André. Também mais tarde, outras freiras, da mesma Casa Recoleta da Caloura, fundaram o Convento de Nossa Senhora da Esperança, na cidade de Ponta Delgada. Ficou, deste modo, o Convento da Caloura deserto até ao ano de 1663, altura em que o Bispo D. João Pimenta D’Abreu deu licença aos Eremitas de Nossa Senhora da Conceição para o virem habitar, uma vez que o convento destes tinha sido destruído pelos sismos e vulcões que na altura assolavam as Furnas.  

Atualmente pertence aos herdeiros de António de Albuquerque Jácome Correia. Classificado pelo Governo Regional como Imóvel de Interesse Público, o Convento da Caloura, é realmente uma obra religiosa de grande valor cultural, arquitetónico e patrimonial.

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