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MUSEU ETNOGRÁFICO DO CABOUCO

Situado na rua da Igreja, na freguesia do Cabouco, o Museu Etnográfico do Cabouco reúne um espólio de 530 peças de grande valor histórico e cultural que fazem parte da memória colectiva da comunidade cabouquense e Açoriana, criando um microcosmos de uma realidade exterior, outrora vivida.

Através dessas peças é possível observar num agregado contíguo a etnografia, os costumes que marcaram o viver de outrora naquela freguesia, alguns dos quais fazendo parte dos costumes e tradições tipicamente açorianas.

Entre peças e imagens, podemos reviver a origem do nome da freguesia do Cabouco, por outrora aqui terem existido grandes "caboucos" ou pedreiras. O Cabouco foi elevado a freguesia em 1980, sendo assim a mais  nova freguesia do conselho da Lagoa. Poderá verificar-se, neste espaço , a evolução histórica para a obtenção dos símbolos heráldicos da freguesia do Cabouco em desenhos que mostram os modelos, na altura, propostos. Profundamente ligado à génese de-nominativa de Cabouco está o oficio de cabouqueiro. Outrora chamada de "terra da pedra", a freguesia do Cabouco era popularmente conhecida por ser lugar onde existiam pedreiras ou "caboucos", onde trabalhavam os cabouqueiros que garantiam o seu meio de subsistência através da extração da pedra que essencialmente servia para a construção e edificação de casas na então vila de Lagoa. Para uma melhor facilidade de deslocação muitos destes cabouqueiros instalaram-se nesta pequena terra que viria a intitular-se de Cabouco.  

Apelando, à memória de outros tempos, conta-se peculiaridades da cultura cabouquense, entre o profano e o religioso, invocando as suas tradições : festas em honra de N. Sr. da Misericórdia, sua padroeira, as oferendas, as Festas em honra do Divino Espirito Santo, mas também invocamos a importância da família  Faria e Maia para o desenvolvimento e crescimento desta freguesia, com especial destaque a D. Maria Luisa Faria e Maia e seus Pai, Francisco e Joana Faria e Maia.

O proposito deste museu é invocar a memoria coletiva de outros tempos, revelando através da reconstituição museológica o oficio que no passado contribuiu para a subsistência da comunidade cabouquence, neste caso, o de cabouqueiro. Por outro lado, colocam-se em evidência os costumes de uma época, apelando-se às memórias esquecidas, não só dos cabouquenses  , mas também de todo o povo açoriano, transportando do passado para o presente as suas vivências e, deste modo, dando a conhecer a forma de vida e algumas tradições características de toda a sociedade açoriana.

O povo do Cabouco para além do ofício de cabouqueiro, também esteve muito ligado às atividades agrícolas. O Cabouco é uma freguesia rural, onde os mantos verdes divididos por muros de pedra seca e arbustos fartos definem  a paisagem. A lavoura terá sido em tempos a única fonte de rendimento e de sustento de muitas famílias cabouquenses. A criação de vaca, de bois  e de cavalos bem como o cultivo do milho faziam e ainda fazem parte do quotidiano da comunidade cabouquense. As carroças de bois ou carros de guincho serviam, então, para transportar bilhas e alimento para os animais, funcionando igualmente como meio de transporte de pessoas, também  a matança do porco, tradição típica açoriana, reveste-se de uma dupla importância: por um lado, assegurou a sobrevivência e o sustento de muitas famílias cabouquenses, por outro, revela o espírito festivo do povo açoriano,uma vez que as matanças do porco estavam intimamente ligadas à reunião familiar e à da própria comunidade, onde não faltava o convívio através de almoços, bailados e cantorias.   

Apesar de não constituírem uma tradição típica do Cabouco, as profissões de lenhador, carpinteiro, barbeiro e sapateiro foram desempenhadas durante alguns anos nesta freguesia. As peças em exibição constituem um registo cultural e histórico dessas profissões que se perderam no tempo e  que foram exercidas outrora pelas gentes açorianas. A barbearia e a sapataria, a titulo de exemplo, eram autênticos "centros de convívio", onde a vizinhança discutia os mais diversos assuntos que tinham lugar na pequena comunidade cabouquense. O lenhador e o carpinteiro, ofícios que se complementavam, também fazem parte da tradição açoriana. Os arvoredos insulares , cobertos de matagal fechado, desde a beira-mar até ao cume dos montes, tornavam-se a fonte de rendimento de muitos lenhadores e carpinteiros que viram neste impressionante revestimento florestal o seu ganha pão. Com seus machados, os lenhadores desferiam golpes nas muitas árvores espalhadas pelos matagais destas ilhas açorianas, enquanto que os carpinteiros, hábeis artífices, trabalhavam a madeira dos troncos e dos ramos das árvores, dando-lhe as formas d casas e transportes agrícolas como é o caso do carro dos bois que durante muitos anos rodaram ao longo das encostas, atalhos e trilhos da paisagem açoriana.

O ato de vindimar é quase contemporâneo do povoamento do arquipélago insular. A cultura da vinha e a produção de vinho verificava-se em larga escala e abundância nestas paragens atlânticas. Por alturas de Setembro, por entre a azáfama da vindima, as uvas encontravam o seu derradeiro destino na adega, onde os seus bagos, com ajuda do lagar, seriam esmagados e posteriormente transformados em vinho. O lagar foi, noutros tempos, a rude máquina que manobrada com austeridade, fazia com que as uvas se desfizessem em mosto. Feitas geralmente durante a noite, estas operações enchiam de vida as aldeias rurais de São Miguel. Presentemente , o lagar apresenta-se como uma relíquia de outros tempos, símbolo da tradição vinícola por estas regiões açorianas.
A cozinha, durante muitos anos, revelou-se um ambiente de grande importância para as famílias açorianas. Se no ambiente rural das nossas ilhas, a casa é o centro à volta da qual se desenvolvem as relações sociais, dentro de casa, é na cozinha que se desenrola a maior parte da vida familiar. Era nela que as famílias se reuniam , comiam, rezavam, tratavam da sua vida e, em alturas de festejo, até bailavam! Com efeito, de todas as quatro partes essenciais da casa rural açoriana, a cozinha é o elemento mais importante, pois sem ela a casa não seria lar nem teria o aconchego e o calor de que a mesma casa necessita para ter vida.
Este novo espaço assume, agora, um papel fulcral na preservação de traços singulares que marcaram o “modus vivendi” do povo açoriano, invocando a memória coletiva de outros tempos através de espólio de 530 peças. Estas peças que estarão em exibição constituem um registo cultural e histórico das profissões que se perderam no tempo e que foram exercidas outrora pelas gentes açorianas.

O Museu Etnográfico do Cabouco está aberto de terça a sexta-feira, entre as 14h00 e as 17h00, estando encerrado à segunda-feira.



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